'Baile do Menino Deus' usa o folclore para contar o nascimento de Jesus. Espetáculo está em temporada no Marco Zero do Recife, ATÉ HOJE !

'É sempre uma emoção', diz ator que encena cantata nordestina de Natal 'Baile do Menino Deus' usa o folclore para contar o nascimento de Jesus. Espetáculo está em temporada no Marco Zero do Recife, ATÉ HOJE ! Luna Markman Do G1 PE

Faltava uma hora para o espetáculo começar. A correria nos bastidores do "Baile do Menino Deus - Uma Brincadeira de Natal" era grande: gente se alongando, maquiando, aquecendo voz, vestindo o figurino, afinando o instrumento. O Marco Zero, no Bairro do Recife, já estava lotado de gente para ver a estreia do musical, na noite da sexta-feira (23). Para a entrevista, o diretor Ronaldo Correia de Brito pede apenas para engolir a comida. Mal deve ter tido tempo de comer. "Já está tudo pronto. Ontem, fizemos um ensaio geral que já valeu como estreia, pois o público que viu, gostou", comentou. A montagem, criada há 28 anos, há oito é apresentada em formato de cantata: a trilha sonora é executada ao vivo por orquestra, coro adulto e infantil, além da participação de cantores solistas. No camarim da criançada, nem sinal de nervosismo. "Eu estou apenas ansiosa. Já sei todas as músicas e marcações", disse Anna Catharina Barros, 10 anos, que vai participar pela primeira vez.

Assim como a solista Renata Rosa. A paulista, criada em Minas Gerais, foi escalada para cantar e tocar rabeca ao lado de Silvério Pessoa, Virgínia Cavalcanti e Jadiel Gomes. "Há três anos eu namorava com o espetáculo, mas as agendas nunca estavam compatíveis. Fiquei muito feliz com o convite", contou Renata, que ensaiou bastante para sincronizar canto, instrumento e interpretação. A preparação para o espetáculo começou em agosto deste ano, entre ensaios, produção de cenário e figurino. São quase 300 peças de roupa. Só Renata Rosa vai trocar de traje cinco vezes. "Ela vai ter menos de um minuto para cada troca. Vai ser um corre-corre", falou a camareira Beta Galdino. O cenário começou a ser montado no Marco Zero na última segunda-feira. Feito de madeira compensada, representa casas e ruas. "O figurino não muda muito, só cresce em número. Já o cenário é mais processual, a gente experimenta muito", contou o Marcondes Lima, responsável pelas criações.

Em outro camarim, o cantor Silvério Pessoa aquece a voz. "A preparação é a mesma de quando vou subir no palco para fazer um show. A diferença aqui é que eu tenho também que interpretar e o meu trabalho é em prol de um grupo todo. Toda vez que participo, saio mais fortalecido na minha carreira", falou. Ao lado dele, o ator Sóstenes Vidal está sendo maquiado. "Faço parte do espetáculo desde o começo. Poucas falam mudam, pois o texto básico é o mesmo. De vez em quando dá para fazer um 'caco', uma improvisação. Mas é sempre uma emoção, pois o público muda. A gente sente na hora como ele é", disse. Somados aos atores e bailarinos, 80 pessoas sobem ao palco para contar a história de Mateus, que anda seguido por uma trupe de crianças, e tenta encontrar a casa onde nasceu o menino Jesus. Nessa versão, a história que marcou a comunidade cristã é reproduzida por personagens do folclore popular nordestino. Na última entrevista antes de subir ao palco, o ator Arilson Lopes, que faz o Mateus 1, mais lírico e racional, comemora o ceú aberto, sem perigo de chuva. "Nós sempre temos sorte. Nunca choveu mesmo, só alguns pingos. É que eles lá em cima também estão festejando o nascimento de Jesus", brincou. A temporada do "Baile de Menino Deus" segue até domingo (25), sempre às 20h, no Marco Zero do Recife. A entrada é de graça.